O
ex-prefeito Ademir Lucas (PR) vive profunda exaustĂŁo eleitoral. Ele perdeu as
Ăşltimas quatro disputas ao comando do Prefeitura de Contagem (2004, 2008, 2012
e 2016), e as duas últimas eleições para deputado estadual (2010 e 2014).
Muitas e
extensas sĂŁo as razões do seu esgotamento polĂtico. NĂŁo convĂ©m esmiuçá-las
aqui. Ele vem adiando o anĂşncio do Ăłbvio: o fim da sua vida pĂşblica.
Mas no
final do ano passado um fato soprou um ar de nova esperança para sua trajetória
polĂtica: o retorno da cobrança do IPTU residencial, provocado pelo MinistĂ©rio
Público de Contas do Estado de Minas Gerais, e aprovado pela Câmara Municipal
de Contagem.
Foi Ademir,
em seu primeiro mandato como prefeito de Contagem (1989 - 1993), que iniciou a
isenção da cobrança do IPTU residencial. Essa é uma das suas maiores bandeiras
polĂticas. A medida atravessou os Ăşltimos 27 anos, com um breve retorno somente
durante a gestĂŁo do ex-prefeito Paulo Mattos.
Ademir
voltou Ă cena polĂtica da cidade, pouco apĂłs sua Ăşltima derrota nas urnas com
um suspiro qualquer de nova aspiração polĂtica, participando de reuniões em que
relembra a paternidade da isenção e garantindo que, se possĂvel, voltaria com a
dispensa do pagamento.
A
impossibilidade jurĂdica de retornar a isenção em consequĂŞncia da Lei de Responsabilidade
Fiscal Ă© um detalhe.
Tudo
caminhava para a disputa de uma das cadeiras da Assembleia Legislativa. Suas
aspirações futuras, entretanto, voltaram a tropeçar em seu passado.
O
publicitário Marcos Valério, operador o mensalão petista, mineiro e do
mensalinho de Contagem, em nova tentativa de homologar sua delação premiada — a
fim de reduzir seu tempo de prisĂŁo — abriu sua caixa de segredos, implicando
vários polĂticos mineiros. Entre esses, Ademir Lucas.
Ele contou
que Ademir conseguiu com o Banco Rural o valor de R$ 6 milhões, repassados
através de um empréstimo via agência SMPB, para sua campanha à prefeitura. Tudo
combinado com a diretoria do banco. A contrapartida de Ademir era auxiliar o
Banco Rural a receber das construtoras Tratex e Andrade Gutierrez um valor que
lhe era devido, por intermédio de contratos com a Prefeitura de Contagem.
"Ademir Lucas pagou o débito junto às construtoras e entregou a
elas o serviço de coleta de lixo da cidade. Quem operava era a empresa Dragagem
Paraopeba, que repassava um percentual do contrato Ă s duas construtoras. A
Dragagem Paraopeba também teria assumido outras obras da prefeitura, ao custo
de repasses para o prefeito de Contagem, secretários municipais e
assessores", é que registra a matéria publicada pelo jornal O Tempo, na
Ăşltima quarta-feira (26/7).
Ademir
negou "peremptoriamente" as acusações. Negou ter recebido "R$ 1 de quem quer que seja, a não ser dentro
dos preceitos legais da Ă©poca". "Tem mais de 15 anos que eu saĂ
da prefeitura, nunca apareceu nada meu. Não é verdade e não sei porque ele está
fazendo isso. Ele não comprova nada disso porque não é verdade. É coisa de
maluco. Há mais de 15 anos eu saà da prefeitura e nunca falou-se nada disso,
nem ele mesmo, e agora fala isso? Eu acho que isso deve ter outro viés. O fato
Ă© que eu estou tranquilo, nĂŁo fui citado em nada, nem comunicado em nada. A
delação tem que vir com provas", respondeu o ex-prefeito.
Triste
sina a de Ademir...