No inĂcio dos anos 2000, num canto mais afastado do corredor central da Escola Estadual Padre JosĂ© Maria de Man (localizada no bairro Monte Castelo, no municĂpio de Contagem, cidade da RegiĂŁo Metropolitana de Belo Horizonte) na escadaria da quadra, um grupo se reunia quase todos os dias. O “uniforme” que os representava nĂŁo necessariamente era o da blusa com o nome do colĂ©gio. Identificavam-se mais pelas camisas pretas com nomes de bandas, letras ou caricaturas de astros de rock; um incontável nĂşmero de camisas xadrez em tecido flanelado (reflexo do movimento grunge que permeava o momento cultural da Ă©poca) bermudas no estilo skatista, com bolsos largos e fundos e a cintura folgada o suficiente para serem sustentadas por cintos de lona com fivelas metálicas (o frisson entre essas ficava por conta das da marca Drop Dead) e, claro, tĂŞnis totalmente remendados de silver tape, alguns coturnos e muitos All Stars.
Nesse grupo, um aluno se destacava. Baixinho, cabelo aparado com máquina trĂŞs, tinha em seu braço um conjunto de pequenas tatuagens, mas sobressaia sobre as demais o “A” de anarquia, gravada na parte interna do seu antebraço, cujas extremidades da letra atravessavam o circulo que a contornava.
Fumava Malboro (escondido, claro) e fazia questĂŁo de ser chamado de “G.A”. “Era um apelido de escola, por conta dos meus estudos sobre anarquismos. Nunca deixei de ser anarquista, mas existem muitas formas de viver de maneira anárquica”, explica ele, cujo nome que consta na certidĂŁo de nascimento Ă© Davidson Soares, mas que ninguĂ©m o reconhece por tal. “Nem mesmo a minha prĂłpria mĂŁe”, completa brincando.
De volta Ă escadaria da quadra, no grupo G.A era um dos que tocava violĂŁo. Levava os principais hits da Ă©poca: cerca de oito mĂşsicas do CD Califonication, da banda norte-americana Red Hot Chili Peppers, o punk rock do Green Day e canções variadas do Pearl Jam, Nirvana, Alice in Chains, entre outras bandas de grunge. TambĂ©m tocava bandas nacionais: Raimundos, Charlie Brown Junior e o Rappa estavam em alta, bem como os cariocas do Planet Hemp. As melhores da MPB tambĂ©m tinham execução garantida, para livre divagação das intenções e subliminaridades das letras. Afora esses, muitas faixas das bandas de rock de BrasĂlia — Plebe Rude, Paralamas do Sucesso, Capital Inicial e, apĂłs muitas sĂşplicas, LegiĂŁo Urbana.
Esses encontros que sĂŁo parte de ritos “lĂşdico-pubescentes”, para G.A se transformariam num prelĂşdio do que lhe reservava os desafios da vida adulta. Ele Ă© hoje um dos mĂşsicos naturais de Contagem de grande projeção estadual e nacional. Foi apontado por Martin Atkins, ex-baterista da lendária banda inglesa de punk rock Sex Pistols, como um dos mais interessantes mĂşsicos contemporâneos brasileiros; Recentemente, produziu a trilha e os efeitos sonoros de uma apresentação do Grupo GalpĂŁo (uma das mais importantes companhias de teatro do paĂs); o saudoso Marcelo Yuka, ex-baterista da banda O Rappa, já em carreira solo, em entrevista Ă Veja BH citou-lhe como um dos mĂşsicos que influenciava seu novo momento artĂstico. “Foi uma surpresa. A gente conversava pelo MSN, mas nunca pensei que ele gostasse tanto”, conta G.A, com a humildade que lhe Ă© um traço caracterĂstico.
Filho de mĂŁe cantora de coral de igreja evangĂ©lica e de pai baterista, a relação de G.A com a mĂşsica começou em sua mais tenra infância, sendo presenteado com brinquedos musicais, como pequenos tambores, pianos, flautas plásticas e toda sorte de pequenos instrumentos. Era como se estivesse “predestinado” a ser mĂşsico.
Acidentalmente, em 2006 G.A foi “rebatizado” artisticamente numa passagem de som num estĂşdio. Como baterista e percussionista, trazia consigo uma grande mesa de objetos com os quais enriquecia a sonoplastia e a percussĂŁo das apresentações que fazia. Tinha de tudo: pratos, panelas, brinquedos, ferramentas mecânicas, tanque de gasolina e o que mais pudesse tirar um som. “O tĂ©cnico de som pedia, um a um, para que os jovens artistas testassem seus instrumentos: ‘guitarrista’, ‘baterista’, ‘baixista’. Ao chegar a vez de Davidson Soares, com toda sua parafernália de objetos reaproveitados, a cabeça do tĂ©cnico deu um nĂł, e ele emendou um ‘vai, barulhista!’. A histĂłria do seu novo “batismo” foi registrada no jornal O Tempo, na matĂ©ria que falava dos dez anos de lançamento do seu primeiro trabalho solo, o “Comecei a Ser”.
“Barulhista” nĂŁo era sĂł uma sacada do tĂ©cnico de som. Pesquisando, G.A descobriu que na dĂ©cada de 40 assim eram chamados os mĂşsicos tidos como menos “habilidosos”. “Havia os caras que tocavam bem, quem nĂŁo tocava era o barulhista. Como uso coisas do cotidiano, como um pedaço de carro amassado, faço o defeito virar algo harmonioso. AĂ defini: agora vou ser Barulhista”, explicou ele, para outra matĂ©ria, sendo essa no jornal Estado de Minas.
Multi-instrumentista, Barulhista tornou-se um dos compositores mais requisitados para a produção de trilhas sonoras para teatro. Pelo menos 37 peças contam com seu trabalho. Venceu duas vezes o PrĂŞmio Sinparc de Artes CĂŞnicas — a mais importante condecoração de reconhecimento dos profissionais do setor.
Foi em 2010 que ele foi convidado pelo diretor Nando Motta para compor a trilha do espetáculo “180 Dias de Inverno”. Embora a pesquisa sobre possibilidades sonoras fosse um traço artĂstico desde os tempos do PLAN (Projeto Luz Anti Normalidade), que desenvolvia com Luiz Rocha, Barulhista começou a pesquisar como funcionavam as mĂşsicas de cena. “Assisti muita coisa, conversei com muita gente e tenho um modo de composição que Ă© resultado disso. A trilha foi premiada e isso fez com que muitas pessoas me conhecessem — Ă© para isso que os prĂŞmios servem, apenas para isso”, disse em tom definitivo.
AlĂ©m de teatro, Barulhista tambĂ©m fez trilhas sonoras para o cinema, cujos trabalhos lhe renderam dois prĂŞmios de melhor trilha sonora: na 11Âş edição do festival Curta Taquary, de Pernambuco, e na IV Mostra Sururu de Cinema Alagoano.“Desde 2008 penso em colocar sons em cenas, nessa Ă©poca nem era teatro, eram as coisas que eu vivia mesmo”, explica Barulhista.
Parte da sua formação musical se deu em vários pontos da cidade de Contagem. “Eu o vi pela primeira vez tocando com Luiz Rocha, apresentando-se com o PLAN. Eles estavam nos jardins do Centro Cultural de Contagem e foi uma absurda novidade ver toda aquela parafernália, e ele tocando com coisas inacreditáveis. Coisas como rolo de papel, balde… sei lá, coisas loucas com as quais ele tirava sons. Eu fiquei completamente apaixonado com aquilo desde a primeira vez”, relembra Marcelo Veronez, cantor tambĂ©m de Contagem, com quem Barulhista teve várias parcerias.
“Eu nĂŁo sabia o nome dele de verdade, e parece que ninguĂ©m sabia”, conta Veronez, que o conheceu ainda na Ă©poca em que era conhecido como G.A. “Eu me divertia muito com a histĂłria desse apelido. Quando perguntava qual era o seu verdadeiro nome, ele respondia ‘Geraldo Azevedo’, e caia na gargalhada. Vários artistas as letras iniciais se encaixavam na sigla G.A, e assim riamos bastante”.
Botando os pĂ©s na estrada praticamente juntos, Veronez e Barulhista fizeram muitas apresentações em bares. “Fizemos muito buteco”, relembra. Mais que ganhar “um extra”, os dois estavam em pleno processo de amadurecimento e transformação artĂstica. Assim, muitas dessas apresentações eram experimentações Ăntimas. Canções famosas eram repaginadas pela dupla. “Ele alterava ritmos, andamentos, era uma loucura. A gente pirava total. ĂŤamos musicalmente para lugares inimagináveis. Ă€s vezes esquecĂamos dos outros mĂşsicos, que ficavam perdidos atĂ© se encaixarem. Era muito divertido e maravilhoso”.
Barulhista e Veronez já passaram toda sorte de “provações”. Tocaram em cima de palcos improvisados, feitos com caixa de cerveja, sem que pudessem se movimentar para que nĂŁo afundassem com tudo. “Uma vez fomos tocar em Lavras Novas, num frio absoluto, mas nos sentĂamos realizados porque estávamos fazendo grana e tocando”.
Para a maioria dos mĂşsicos, levar uma “vida dupla” profissional Ă© o que garante o fechamento das contas no final do mĂŞs. NĂŁo raro, um segundo emprego Ă© o que custeia a compra de instrumentos, caixas de som, microfones, e o que mais a mĂşsica pedir. Veronez, por exemplo, já trabalhou como atendente de telemarketing; G.A como frentista. “É bom poder dizer que vivemos como artistas e pagar nossas contas como mĂşsicos, mas lembro das aflições que passamos. AĂ quando conseguimos pagar nosso primeiro aluguel com mĂşsica, tudo muda. Mas Ă©ramos jovens e está tudo bem. Na juventude a gente se vira mesmo”, explica Veronez, entre de saudoso e realizado.
Eles tambĂ©m tocaram juntos na virada Cultural de BH em 2015, na banda Viada, e no carnaval de 2018. “Fui convidado para fazer a direção artĂstica dos desfiles de um bloco de carnaval de Belo Horizonte, o Havaianas Usadas”, relembra Veronez. “É um bloco gigante, arrasta milhares de pessoas pelas ruas da capital. Propus o tema ‘Chinelactia: a viagem do chinelo espacial’, para fazer essa brincadeira com a Havaianas, com o chinelo e tal”, conta.
Com a aprovação do bloco, Veronez chamou Barulhista para programar o desfile em cima do trio, com sons que remetessem Ă ideia de uma viagem interespacial. “Ele colocou sons de nave, de comunicação intergaláctica. Eram sons e temas tirados de antigos programas de televisĂŁo, filmes, e outras dessas referĂŞncias que a gente tem”, explicou. A massa de foliões se divertiu bastante com a “transformação” do trio elĂ©trico numa nave espacial. “O pessoal do bloco amou o resultado, foi maravilhoso”.
Veronez tambĂ©m participou das primeiras incursões de Barulhista no universo das trilhas sonoras. Ă€ Ă©poca ele estava produzindo a peça “Isso Ă© para a dor”, da Primeira Companhia — grupo de teatro de Belo Horizonte — e novamente convidou Barulhista para produzir a trilha sonora. “Era uma peça baseada no Diário de Anne Frank, que guardava relação com a perspectiva de mulheres que se escondiam em um bunker em uma Ă©poca de guerra. Ele fez uma trilha memorável que dava no pĂşblico a sensação de que o teatro estava sendo bombardeado e estava ruindo. A cena final do espetáculo inclusive era isso. A platĂ©ia sentia a agonia da histĂłria e do teatro tremendo”, relembra.
Outra parceria importante na histĂłria e formação do Barulhista se deu nas apresentações com a banda Constantina. O primeiro show juntos foi em 2007, no projeto Cine Concerto. Eles fizeram, ao vivo, uma trilha sonora para o filme expressionista alemĂŁo, “O Gabinete do Dr. Caligari”. “Sempre me lembro desse dia. Barulhista fazia postagens em suas redes sociais dizendo ‘Ele está de volta!’, fazendo menção ao personagem Cesare, o sonâmbulo do longa-metragem. Isso acontecia quando usávamos o vibrafone, por que o case que guarda esse instrumento lembra um caixĂŁo, exatamente como o que aparece quando o personagem Ă© revelado”.
A amizade e a proximidade tornou possĂvel atĂ© a participação de Barulhista na gravação de um dos álbuns do grupo. “É sempre muito rico estar em contato com ele, que Ă© de uma generosidade e saberia muito bonita de aprender. A cada encontro uma sensação de troca e aprendizado extenso, porque nossos encontros jamais foram permeados apenas por sons, mas tambĂ©m eram sobre vida”, conta Daniel.
Embora seja crĂtico da relação que Minas Gerais estabelece com seus artistas, sendo esses mais respeitados em outros estados, as razões que o levaram a se mudar para SĂŁo Paulo, em 2018, foram mais triviais e românticas. Sua companheira, a atriz Michelle Barreto, recebeu um convite profissional para atuar em terras paulistas. Barulhista resolveu acompanhá-la. “Morar aqui era um plano antigo, nĂŁo sĂł pela questĂŁo da minha mĂşsica ser mais escutada, mas tambĂ©m para mudar de ares. Apesar de ser muito caseiro, gosto de mudar a paisagem”, disse.
Chegando lá, algumas dificuldades na adaptação. “Devo ter atrapalhado bastante o PIB da cidade procurando o buraco onde colocar o cartĂŁo do metrĂ´”, brinca Barulhista, completando: “Ainda me sinto bem caipira, quanto mais converso com paulistanos, mais meu sotaque mineiro carrega. Gosto disso inclusive. Minhas trilhas sonoras para teatro chegaram aqui bem antes de mim, entĂŁo foi mais uma questĂŁo de ser visto para ser lembrado”.
O Astronauta Mineiro
Dado a muitas experimentações, uma brincadeira feita por Barulhista deu origem a uma das esquetes cĂ´micas mais interessantes da internet, o Astronauta Mineiro. Em 2016, ele viu um vĂdeo de um astronauta mexendo em algo que parecia ser uma antena. Isso lhe fez relembrar sua infância, de quando subia no telhado para “rodar” a antena, a fim sintonizar um canal que saĂra do ar. Despretensiosamente, ele fez uma dublagem em cima da imagem e enviou para os amigos. “Era uma brincadeira. Eu ficava pensando em como seria se um astronauta estivesse ‘rodando’ o satĂ©lite e gritando para alguĂ©m lá da terra”, explicou.
A ideia ficou adormecida. Em março desse ano, nas suas caminhadas matinais (Barulhista acorda Ă s 5 da manhĂŁ), ele ficou divagando mentalmente como seria um “astronauta mineiro”, com todo o sotaque caipira e o sossego como traço caricatural. DaĂ nasceu a trupe composta por “Dilurdes”, “Fi di Dica” que sĂŁo os que conduzem os enredos, conversando com os astronautas RogĂ©rio (epicentro das histĂłrias, mas que nunca se pronuncia), e Edmilson, de pouquĂssimas falas.
A personagem Dilurdes Ă© inspirada no mĂşsico Richard Neves, tecladista da banda Pato Fu. “Produzimos juntos um disco e, Ă Ă©poca, quando eu chegava na casa dele e tocava o interfone, ele me atendia com aquela voz de doninha do interior. Eu me identificava mas ele nĂŁo abria a porta, justificando — sem que tivesse sido oferecido — que já havia comprado queijo”.
A graça pueril e inocente do Astronauta Mineiro contrasta com as esquetes de humor mais ácido de outros grandes portais — embora nem de longe tenha intenção de rivalizar com quem quer que seja. “A delicadeza que tem o “Astronauta Mineiro”, de alguma maneira, foi muito bem recebida por todo mundo. Há uma inocĂŞncia no que ele diz que tambĂ©m traz essa identificação. AlĂ©m disso, o humor simples pode ser propagado com mais facilidade, as crianças assistem com os mais velhos, descobrem seu jeito de falar na tela, se vĂŞem. É importante para que a gente se reconheça vivo”, disse Barulhista a jornalista Ana Horta, na matĂ©ria publicada no Portal Gama.
No twitter, nĂŁo sĂŁo poucos os perfis que saĂşdam “Astronauta Mineiro” como uma das melhores revelações do ano. Em entrevista ao Rádio Cast, da 98 FM, ele contou toda a histĂłria.
Seus amigos se sentem realizados com toda a dimensĂŁo artĂstica de Barulhista. O professor de inglĂŞs, Nino Sechi, faz parte da sua turma dos tempos da Escola Padre JosĂ© Maria de Man. Outro exĂmio tocador de violĂŁo, foi com Barulhista que ele aprendeu a tocar. “Sempre fui muito ligado a mĂşsica, mas atĂ© entĂŁo nunca tinha me interessado a tocar um instrumento em si, atĂ© ver alguns amigos tocando. Com G.A [Barulhista] esse interesse cresceu ainda mais, porque ele tocava de samba a metal no mesmo violĂŁo”, relembra.
Nino e Barulhista, apesar da distância, ainda mantĂ©m contato. “Uma lembrança que tenho forte sobre ele Ă© conversamos sobre novos lançamentos do mundo da mĂşsica ou apresentando nossas novas composições um ao outro dentro no “quarto estĂşdio” que ele tinha na casa da mĂŁe dele, aqui em Contagem. O local tinha uma energia mágica, vocĂŞ saia de lá cheio de ideias para novas mĂşsicas, o lugar respirava inspiração”.
Da mesma forma, Marcelo Veronez. “Barulhista mantĂ©m o seu lugar de origem; sabe de onde veio e busca saber para onde está indo. Ele torna possĂvel o que qualquer um de nĂłs toma como loucura. Ideias que nĂŁo necessariamente estĂŁo no contexto do comum, do dia a dia. E ele vem e transforma isso no dia a dia, no comum. Ele Ă© muito original e Ă©, artisticamente, exatamente aquilo que eu imaginava que seria”.
Uma pesquisa rápida na internet mostra que nĂŁo tĂŞm faltado trabalhos para Barulhista. Em parceria com o rapper belo-horizontino Roger Deff, lançou o single “reflexões” do isolamento”. Ele compĂ´s a trilha de “Ficções SĂ´nicas 2”, filme-peça assinado por Grace PassĂ´. Integrou o projeto Macrofonia!, festival pensado exclusivamente para as redes sociais; fez a trilha da peça “HerĂłis”, cuja histĂłria Ă© livremente inspirada pelas mĂşsicas de astros do rock dos anos 60 e 70, como David Bowie, Lou Reed e outros artistas da Ă©poca, entre outras atividades.
Questionado sobre suas muitas e variadas mudanças, Barulhista conclui refletindo que sempre construiu suas prĂłprias portas. “A Ăşnica constante Ă© a criação; estar em movimento criativo o máximo de tempo possĂvel, fazer desse movimento um meio de vida e a prĂłpria vida. A possibilidade de transitar entre linguagens. Eu poderia fazer exatamente o que estou fazendo em qualquer cidade hoje, mas isso sĂł foi possĂvel por que eu convivi com pessoas diferentes e tive experiĂŞncias que me empurraram nesse caminho. Em SĂŁo Paulo estou mais perto de pessoas que me escutam com cuidado e isso modifica bastante o que faço”.
Matéria originalmente publicada no site Os Impublicáveis